De manhã verão, à tarde chuva? Parece que será assim hoje, dia em que escrevo este modesto apontamento cá na Engrade, na Ponta da Ilha, da nossa ilha do Pico…
Largo de S. Martinho - Calheta de Nesquim
É que, à hora em que estou ensaiando este modesto escrito, depois de ter visitado o Largo de São Martinho, no já celebérrimo lugar de vinhedos Calhetense – As Canadas – os chuviscos iniciaram a sua aparição. E tudo isso vem plasmado na previsão do tempo para este dia: Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros fracos e dispersos. Vento sudoeste bonançoso a moderado (10/30 km/h).
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Claro que tudo poderá evoluir, como também é comum nestas ilhas de bruma – assim identificadas por Raul Brandão – para noites amenas e cálidas, apetecíveis sobremaneira para folguedos de chamarritas e outras manifestações populares de convívio, como já vai acontecendo profusamente, ilha à roda, com os já, cada vez menos, inusitados karaokês, que também vão animar, designadamente as noites do Largo de São Martinho da Calheta, com a “Soares Family”… E esta faceta é também de relevar, nestes novos tempos, em que são cada vez mais díspares, a diversidade de conteúdos de animação musical, fora da tradição bailada da nossa ilha…
Noite (ou dia) de São Martinho era tradição, ainda será?
É certamente, porque alguns, como o nosso amigo Manuel Herberto, disso fazem questão e aqui merecem o nosso modesto, mas sincero aplauso, por ter criado e mantido a sua Confraria vocacionada para homenagear, no Largo das Canadas, da ridente freguesia da Calheta de Nesquim, o seu patrono São Martinho.
Este ano, se tudo correr como se programou, o encerramento será como pouco acontece nos outros locais da ilha onde se festeja este Santo: “Domingo dia 14, às 15 horas – Missa campal no largo de S. Martinho com o Grupo Coral da Igreja de São Sebastião”, seguindo-se o resto do programa. Que tudo corra pelo melhor é o que merecem os simpáticos e diligentes organizadores.
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No próximo domingo realizar-se-á mais uma vez a Festa de Santa Cecília, Padroeira dos Músicos.
“Santa Cecília foi uma jovem de suave beleza que, com inquebrantável força de ânimo e possuída da mais ardente fé, professou e difundiu o Cristianismo. Interpretada pelos mais notáveis pintores, escultores e poetas, sempre lhe foram atribuídos os mais variados símbolos musicais, embora com particular predilecção pelo órgão. Isso deve-se em grande parte ao carácter religioso que, a partir do século XV, se atribui a este instrumento”. Na hoje renovada igreja de S. Francisco nas Lajes, durante a minha infância, esta Festa Religiosa era preparada a preceito, com capela alargada à participação de alguns outros instrumentos filarmónicos, para além do órgão excelentemente tocado pelo Sr. Chico Castro, Tesoureiro da Fazenda Pública. Minha mãe tocava violino e meu pai era o regente da capela. Era o tempo das missas em latim… Mais tarde, estudante na Horta, vivi a empolgante festa de Santa Cecília na Matriz, impressionante manifestação musical, o que julgo que ainda hoje acontece, com tocadores e vozes de todas as paróquias do Faial.
O gosto pela música ainda vai permanecendo, embora com outros estilos, mas as filarmónicas mantém-se felizmente. Vamos com os tempos, como dizia a minha tia-madrinha Lopes que muito me ensinou, na década de sessenta…
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Seja como for, no próximo domingo na Silveira, também Santa Cecília será homenageada, tal como na Madalena com programa a preceito: com desfile das Filarmónicas pelas 11 horas, missa solene ao meio-dia e almoço convívio para todos os tocadores. Nas Lajes depois de alguns anos de interregno, nunca percebido, também na Matriz Lajense assim acontecerá e depois da Missa das 5 da tarde, solenemente abrilhantada pela Capela da Matriz, seguir-se-á um Sarau musical na sede da Filarmónica Lajense, com a participação dos dois agrupamentos musicais de referência da vila baleeira: o Grupo Coral das Lajes e a Filarmónica Liberdade Lajense.
Santa Cecília, padroeira da música, foi mártir de fé… morreu cantando e louvando a Deus…
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